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Tem coisas nostálgicas na vida, que se revisitadas hoje em dia, não faz mais sentido, certo? Pois bem. Esse post é pra falar justamente o contrário. Reuni aqui três discos que marcara minha vida, e que ainda hoje, fazem meu coração bater mais forte.

Lembrando que eles não estão por ordem de preferencia. Cada álbum são especiais igualmente.

Recado dado, vamos direto ao que interessa.

Nico - Chelsea Girl


Pra mim, este disco representa muita coisa. As letras de Browne, Reed, Cale, Bob Dylan, Morrison e Tim Hardin e a voz inconfundível de Nico se tornaram pra mim quase que uma especie de mantras ao longo do tempo. De vez em quando, meus ouvidos pedem ''I'll Keep It with Mine'', pra se sentir conectada comigo mesma. O timbre e a figura misteriosa e gélida de Nico, representa aquilo que eu acho que sempre passei paras as pessoas. Portanto, ouvir qualquer música dela fala muito com o meu eu. Em questão de personalidade, maneira de se portar e reagir ao mundo. Mas esse disco em questão, vai além de representação, porque as letras dizem o que eu queria ouvir e ao mesmo tempo, o que queria falar.

O nome do álbum ''Chelsea Girl'' é uma referencia ao filme de Andy Warhol de 1966, que é estrelado pela própria Nico. Sim, antes de cantora, ela era atriz. Talvez seja por isso que ela conseguia interpretar tão bem canções que não eram dela. Antes que alguém pense; ''Chelsea Girl'' não foi um álbum de covers, mas sim de canções inéditas escritas por outras pessoas. O disco foi lançado em 1967 pela Verve Records, e foi o primeiro álbum solo e o segundo de estúdio, já que ela fazia parte do ''The Velvet Underground & Nico''. Grupo este alias, que na época, mas precisamente nos primórdios, não teve nenhum sucesso comercial. 

Voltando à falar do álbum em questão, uma das coisas que mais gostei e ainda gosto, é o fato dele ter melodias quase folclóricas, criando assim uma atmosfera meditativa e naturalista. É impossível se sentir desconfortável com a direção que cada canção nos leva, a voz grave de Nico traz o ponto de equilíbrio que a música precisa. ''Chelsea Girl'' é um dos álbuns melancólicos mais irresistíveis que já ouvi. Incrivelmente sedutor, uma música me arrasta pra outra.

Como fã desse disco, a imagem de Nico na minha cabeça sempre vai ser da pessoa que ela era nesse álbum. Não importa se ela destruiu sua carreira em escândalos racistas mais tarde na década de 70, ou se ela não se identificava nas canções que cantava. Gosto de pensar nela como alguém que deixou seu lado escuro apodrecer seu coração, sem perceber. 

Air - Le Voyage Dans La Lune


Como pode deduzir pela capa, o sexto álbum da dupla de franceses Jean-Bénoit Dunckel e Nicolas Godin, é inspirado no sci-fi mudo de 1902 de George Méliès, que é sobre uma jornada estranha surrealista inspirada nas histórias de Júlio Verne. Lançado em 2012, este álbum foi a trilha sonora da versão restaurada do filme em cores.

Sou suspeita pra falar de Air, já que é uma das minhas bandas favoritas. Alias, tive uma dúvida terrível em escolher qual álbum eu mais ouvi deles, porém, bastou notar meu comportamento durante alguns messes pra perceber que não consigo ouvir uma ou duas músicas desse disco apenas. ''Le Voyage Dans La lune'' é pura atmosfera. O que Godin e Dunkel fazem junto com alguns de seus colaboradores é realmente digno de trilha sonora de filme.

Somente duas canções são cantadas, as outras são todas instrumentais. É uma verdadeira viagem sonora de arrepiar; tanto pelas vozes, pelos riffs, pela batida, pela energia fria. Toda vez que fico cansada dos seres humanos, uma passadinha na lua imaginária faz muito bem.

Kate Bush - Never for Ever


Falar de Kate Bush pra mim, é falar do meu descobrimento por música. Lembro até hoje da sensação que tive ao ouvir ''Babooshka'' pela primeira vez - um de seus grandes hits ao lado de ''Running up That Hill (A Deal with God)''. Até aquele momento, música pra mim tinha formulas, regras. Kate Bush me mostrou que sair da zona de conforto era possível.

Dona de uma voz única e arranjos marcantes, ''Never for Ever'' foi o meu álbum de cabeceira por muito tempo e continua sendo. Sua mensagem de que nada dura para sempre, tanto coisas boas quanto ruins, me ajuda a se conectar com o momento presente e aproveitá-lo da melhor forma possível. E isso está representado bem na capa feita à lápis, pelas mãos do artista Nick Price: os monstros e animais saindo debaixo do vestido de Bush, nada mais é  do que o bem e o mal surgindo de nós.

Outra coisa que me faz amar Kate Bush - além de suas mensagens e tudo mais - são as referencias literárias e cinematográficas presentes em suas discografias, nesse em questão, temos ''The Infant Kiss'' baseado no filme de 1961 de Jack Clayton ''The Innocents'', temos ''The Wedding List'' baseado no filme de 1968 de François Truffaut ''The Bride Wore Black'' e temos ''Blow Away (for Bill)'' homenageando seu colega de trabalho que morreu na turnê de 1979, assim como vários artistas que morreram nos anos anteriores.

Este disco tem uma variedade sonora incrível, percebe-se bem nitidamente quando se coloca ''Army Dreamers'' e ''Violin'' lado à lado por exemplo. Completamente soturno, ouvir ''Never for Ever'' tem uma vibe divertida mesmo não parecendo. Dificilmente este disco perderá a relevância, tanto pra década de 80, quanto para própria carreira de Bush. E claro, dificilmente sairá do meu pódio de preferidos da vida.

3 Comentários

  1. Curiosa essa escolha do Le Voyage, pra mim (que esteve a maior parte da vida do lado de fora da panelinha de quem gostava de Air) sempre soou que esse foi o disco que a fandom da banda mais desgosta. Não entendo o porque dessa minha visão, mas no mínimo parecia um disco um pouco mais obscuro da banda. Bateu até uma vontade de revisitá-lo haha

    Provavelmente esse é o meu trabalho favorito da Nico, seja como Velvet (ela n estava no st/ deles, né?), seja solo. Uma pena mesmo ela ter seguido esse caminho mais 'obscuro' (num mal sentido mesmo) mais tarde em sua carreia. É aquilo, eu procuro sempre desvincular o autor da obra, mas mesmo no caso dela, a qualidade foi só decaindo, então... sei lá.

    Nunca ouvi esse álbum da Kate Bush... alias, da Bush eu só ouvi o Hounds of Love e faz um bom tempo. Ela foi uma daqueles artistas que eu só peguei o álbum mais famoso pra conhecer, mas não acabei procurando mais a fundo. Fiquei levemente interessado, tho.

    É um tópico interessante esse. Eu parei por um segundo para pensar nos três álbuns que eu mais ouvi na vida, mas muito provavelmente se me fizessem essa pergunta amanhã, eu escolheria outros três.

    MAS, pelo menos The Glow pt.2 é uma escolha que provavelmente se repetiria. Não tenho pretensão de fazer uma review aqui, nem nada (já tem milhões na internet, de todo jeito kk). É uma obra que esteve comigo desde o fundamental. Eu lembro de ouvir 'You´ll be in the air' nos corredores da escolha, todo cabisbaixo por ter tirado uma nota ruim. Ou de quando eu comecei a tocar violão e consegui tirar The Glow pt.2 (a faixa) quase toda.

    Foi e ainda é um álbum que simplesmente se faz presente no meu dia a dia. Mesmo hoje eu me pego ficando viciado em uma faixa que, em outro momento da vida, eu só não tinha dado a atenção devida. Ou que talvez eu não estava no humor certo. Não sei, mas é um álbum bem importante.

    Mirroring - Foreign Body provavelmente é o meu álbum ambiente favorito (talvez ficando atrás de mi media naranja... talvez). Na verdade eu redescobri a obra recentemente, mas a musica : 'Silent From Above' esteve TÃO presente naquelas noites de adolescente tristinho por conta da menininha da escola, que, céus... como eu sinto um pesar nostálgico ouvindo essa musica (essa musica e um cheiro de perfume específico, os dois trazem uma sensação parecida dessa época).

    Por fim, Animals - Pink Floyd... pq... bem, é Pink Floyd. Foi a banda que eu provavelmente mais escutei em toda a minha vida e esse é o provável álbum que eu mais revisitei.

    Btw, bom blog esse seu. Não tenho tanto costume de ler blogs desde o ensino médio (já que o tópico é nostálgico), mas agora com o tempo livre me nasceu essa vontade, e esse aqui resolveu um pouco desse desejo. Brigadão!

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    Respostas
    1. Eu não entendo como os fãs do Air não gosta muito desse album, pra mim tá no pódio de melhores da discografia deles.

      Sobre Nico, sim, a gente tem que desvencilhar o artista de sua música, se não, ficamos sempre fadados à decepção.

      Hounds of Love de Kate Bush é um álbum mais redondo (pop) vamos dizer assim, não me espanta saber que foi o mais famoso dela. Já esse, ''Never for Ever ''acho que seria o mais estranho (no melhor sentido da palavra), acredito que é necessário ter a mente bem aberta para desfrutar. Recomendo demais.

      The Microphones é de arrasar o coração de qualquer adolescente mesmo, haha. Imagino como deve ter te marcado ;)

      Não conheço esse ''Mirrorring - Foreign Body'' à fundo, mas parece o som perfeito pra meditar pelo pouco que ouvi (ou chorar no escuro rs). Bem melancólico, queria ter conhecido isso na adolescência também.

      Pink Floyd acho que despensa comentários, é uma das minhas bandas preferidas, Animals então...''Pigs (Three Different Ones)'' é maravilhosa. Acredito que esse álbum é o que tem mais crítica social na discografia deles, também não é pra menos, se inspirar no livro ''Revolução dos bichos'' só poderia sair letras confrontadoras.

      Muito obrigada pelo comentário, apareça sempre que se sentir à vontade. Abraço!

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